quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

CONTO DE NATAL

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Porque há outros Natais...
FELIZ NATAL, GUGA!
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Havia um mundo para lá das luzes da avenida, recheado de sombras, onde residiam os vencidos da vida. As estatísticas mostravam-se arredias, pouco ou nada sensíveis com tal gente, que só servia para atrapalhar as contas duma qualquer folha de Excel. Mas, por mais que inventassem novas borrachas, novas formas de subtrair, aquele mundo existia, pleno de grandezas e misérias. Ali, no patamar mais baixo da existência, povoado por um batalhão de desistentes semi-adormecidos, havia corações a palpitar, gente que, nos confins da alma, teimava em sonhar com melhores dias.
Guga tentou manter-se agarrado ao sono, num exercício quotidiano esculpido na prática da sobrevivência. O despertar da grande colmeia, numa correria desenfreada, nada lhe trazia de bom, antes pelo contrário. Àquela hora nunca davam nada e, do seu rasto, ficava apenas o perturbar do parco descanso concedido pela díspar fauna noctívaga. Tentou dormitar, mas não conseguia. Levantou-se, a custo, e esgueirou-se para os lados do Dragão Vermelho, reles bar de engate a preços acessíveis. De vez em quando o pessoal da limpeza, gente do bairro, deixava-o esgueirar-se até aos sanitários, que tresandavam a urina, e por lá saciava as necessidades mais prementes do corpo. Por vezes olhava-se ao espelho, mas era raro, só o fazia quando se sentia capaz de enfrentar os seus fantasmas.
- Despacha-te, Guga, que o patrão pode aparecer por aí!
Por ali ainda tinha nome, ainda que adaptado às circunstâncias, mas só ali. Do outro, associado a outras vivências, de há muito lhe tinha ocultado o rasto, embora, quando o fundo do poço ficava mais à vista, se insinuassem as memórias. Saiu, com um aceno, o pessoal dali nada mais lhe exigia. Sabiam bem que, na vida, há um limiar que a todos pode driblar.
Ao fim da tarde, quando a roda da vida parece endoidecer, Guga começou a estranhar. O movimento era o de sempre, gente apressada por todo o lado, mas naquela tarde havia algo diferente, como se a pressa ganhasse contornos de vida, para lá dos gestos mecânicos. Continuava a haver pressa, mas esta era diferente. Talvez fosse a expressão dos rostos, talvez os gestos mais soltos, como que alheados das grilhetas, talvez fosse tudo isso ou qualquer outra coisa que lhe escapava. O certo é que, apesar de apressadas, as pessoas pareciam transportar algo de precioso dentro de si. Até as moedas, habitualmente escassas, pingavam na sua caixa com outra intensidade.
As ruas foram ficando vazias, mas mesmo os mais retardatários apresentavam aquele estranho brilho nos olhos, como se de repente descobrissem que, na sua vida, houvesse algo que valesse a pena. Guga estranhava, mas não entranhava. E, às tantas, com a rua às moscas, levantou-se do seu poiso diurno, passou pelas traseiras do Clementina, onde uma empregada, de modo furtivo, lhe costumava dar umas bifanas, e dirigiu-se, sem qualquer pressa, para o beco onde, por entre cartões, sacos de plástico e um ou outro cobertor, aconchegava a sua solidão.
Naquele princípio de noite, porém, algo destoava. Encafuada num dos cobertores, lambendo as suas crias, uma mãe gata acabava de dar à luz. Guga parou, meteu a indignação no bolso e, sem se dar conta, deixou-se embalar no quadro, como se, de repente, a vida lhe mostrasse outra face. Ficou por ali, encantado, sem nada dizer, não se atrevendo a dar qualquer passo. Só despertou quando, à entrada do beco, surgiu o Tripeiro, de garrafa na mão, que lhe atirou, com um quase sorriso:
- Feliz Natal, Guga!
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Agostinho Craveiro
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sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

FESTA DE NATAL - O FILME

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FESTA DE NATAL

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Festa de Natal da EB1 Aldeia de Joanes, ano da graça de 2017.
Por que o fazemos? O que nos move para celebrar o Natal? Eis uma questão que, na mera retórica, poderá suscitar muitas respostas, mas nós, por aqui, tendemos a simplificar. Por mais voltas que o mundo dê, a mensagem natalícia continua atual, correspondendo a uma necessidade de vivermos num mundo mais justo, mais solidário, mais afetivo...
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Hoje, mais uma vez, os nossos alunos consagraram um ato de renovação da esperança, em que a alegria tem um papel primordial. É assim que eles querem desenhar a vida, é por isso que todos ansiamos.
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São 9:30. Na sala estão reunidas cerca de 100 pessoas, com a moral em alta, prontas para ver, sentir e dar o melhor de si. 
Na abertura da festa canta-se, com convicção, numa quase comunhão em que os valores, sem se dar conta, vão envolvendo os presentes.
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Dizem-se palavras, com entoação sentida, tentando espevitar a luz da mensagem.
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Dança-se, qual transfiguração da pessoa em cenários sonhados, qual efémera escultura em movimento.
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Dramatiza-se, com cunho peculiar, insistindo-se na mensagem dum mundo mais justo, mais harmonioso, com espaço para todos...
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Por fim, a apoteose em tons musicais envolventes, motivadores, congregadores. E todos se sentiram na mesma onda, todos se sentiram embarcados numa viagem comum. Era o que interessava.
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Na sala ao lado, graças ao excelente contributo dos pais, as mesas estavam repletas de iguarias. E, duma outra forma, voltou-se a conviver, agora com livre curso de gestos e palavras.
Festa de Natal da EB1 Aldeia de Joanes, ano da graça de 2017. A festa foi linda, ó se foi!
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quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

O CONCERTO DE LUÍS PORTUGAL, A VONTADE DE IR E OS AUTOCARROS EM CONTRAMÃO

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Programar bem as coisas e providenciar para que cada detalhe se encaixe na estrutura pré-definida é meio caminho andado para o êxito de qualquer empreendimento. Vem isto a propósito da nossa ida, hoje, ao Octógono, para assistirmos a um concerto de Luís Portugal. A nossa escola, para se deslocar, carecia de transporte, tarefa que ficou a cargo da Câmara Municipal que, verdade seja dita, sempre revelou disponibilidade e boa vontade para resolver estas situações. Há vontades, contudo, que se diluem até chegar à base, ou seja, a quem tem de pegar no volante. E, para nosso espanto, apenas duas turmas foram transportadas, e já fora de horas, ficando as outras a cogitar, enquanto esperavam, sobre o que se estaria a passar com os autocarros. Mas tudo se resolveu, felizmente - embora com um plano B - quando os organizadores se aperceberam do problema e logo arranjaram uma solução: como, devido ao avançar da hora, já não era possível transportar as turmas que ficaram em terra, decidiu-se e diligenciou-se para que fossem assistir ao concerto marcado para o período da tarde, nas instalações do Seminário. Obrigado, Isabel Marques!
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Quem não teve qualquer culpa foi Luís Portugal, autor da obra "As Canções da Minha Escola" e senhor de uma magnífica voz, que teve a paciência suficiente para esperar. O homem é mesmo artista, bom comunicador, convencendo a jovem plateia com uma receita eficaz: misturando talento com simplicidade. E os alunos, empolgados, ganharam mais uma experiência de vida para o seu currículo.
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quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

EXPOSIÇÃO DE PRESÉPIOS

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Uma comunidade quer-se viva, participativa, sentindo as coisas como construção da vida que deseja para si e para os seus filhos. A que é servida por esta escola, por mais desafios que enfrente, não deixa de nos surpreender. Solicitada para mais um concurso de presépios, com recurso a materiais reutilizáveis, não acusou qualquer desgaste, antes pelo contrário. Num universo de 90 alunos, apareceram a concurso setenta e sete (77) trabalhos, um número recorde, que ultrapassa todas as participações registadas em anos anteriores. 
Esta comunidade, por mais mais voltas que a vida dê, continua a ser motivo de orgulho para todos, afirmando, na prática, que podem sempre contar com ela.
Um enorme bem-haja!
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Para os interessados, a exposição das obras a concurso poderá ser visitada na sede da ADCRAJ, em Aldeia de Joanes, onde permanecerá até dia 6 de Janeiro, data da entrega dos prémios.
Dê lá um salto, vai ver que vale a pena. Os presépios em exposição são liiiiiindos, capazes de encantar os mais exigentes.
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PARABÉNS, GABRIEL MATEUS!

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O Gabriel Mateus fez 7 anos no dia 12 de dezembro. 
Andava eufórico com a partilha do bolo do seu aniversário pelos colegas. O seu olhar radiava, os olhos pareciam dois grandes berlindes e as suas pequenas mãos não paravam. Os amigos escolhidos para ficar junto dele, na hora de cantar os parabéns, foram o Afonso e o Tomás.
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Susana Gaspar
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terça-feira, 12 de dezembro de 2017

CONCERTO DE LUÍS PORTUGAL

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Na próxima quinta-feira, dia 14, os nossos alunos irão deslocar-se ao Octógono, no Fundão, para assistirem a um concerto de Luís Portugal, ex-vocalista do antigo grupo Jáfumega.
O artista, entretanto, deu um novo rumo à sua vida e, entre outras atividades, dedica-se a escrever e compor músicas para o público infantil. É o caso de "As Canções da Minha Escola", livro que inclui um CD áudio com 28 canções. Estas têm um forte carácter didático e abordam, a pensar no 1.º Ciclo, diversos conteúdos de Português, Matemática e Estudo do Meio.
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Tentámos encontrar um vídeo sobre esta obra, mas não foi possível. Deixamo-vos, no entanto, com a canção "Uma semente", virada para um público mais adulto, numa outra vertente deste multifacetado e talentoso artista.
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Entretanto, passado pouco tempo de o post vir a lume, alguém que o leu enviou-nos, por mail - a partilha é uma coisa incrível - esta colaboração de Luís Portugal num manual para o 3.º ano.
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ENSAIOS PARA A FESTA DE NATAL

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Ultrapassada a fase das Fichas de Avaliação, a escola tem vivido, nos últimos dias, momentos de maior descontração, com particular ênfase nos ensaios para a festa de Natal.
Os alunos do 4.º ano, já com outra autonomia, pegaram nas rédeas dos conteúdos que irão apresentar e, vai daí, escreveram (a Joana Augusto) uma pequena peça de teatro e coreografaram uma dança. O professor, atento, apenas vai dando uma pequena achega aqui e ali. 
Faltam apenas três dias para a festa, mas eles parecem capazes de dar volta ao desafio. Vamos lá a ver como é que eles se saem.
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segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

AFINAL O PAI NATAL EXISTE

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O Natal estava a chegar e as irmãs Clara e Mariana estavam a ajudar a família a fazer os preparativos.
- Pai, mãe, conhecem o Pai Natal? – perguntou a Mariana.
- Não, porque ele é só uma história parva, vocês as duas já são crescidas para essas coisas – disseram os pais.
- Não, o Pai Natal é real! – respondeu a Clara.
Os pais já estavam fartos e disseram:
- Se querem acreditar nessas coisas tudo bem.
A noite já batia à porta, e o Pai Natal, no qual os pais não acreditam, começou a fazer os presentes para os meninos e meninas. Os duendes perguntam-lhe:
- Acha que o seu irmão, o Senhor das Trevas, vai outra vez estragar Natal?
- Não duvido, mas o meu plano é capaz de resultar – respondeu o Pai Natal – o meu irmão para conseguir estragar o Natal tem três opções: pode pôr o interruptor da caixa dos presentes a largar bombas de fumo que dizem “és burro”, “cheiras mal”; pode pôr-me as cuecas para baixo ou roubar os presentes das casas dos meninos - dizia, sussurrando ao ouvido do duende.
Começou a amanhecer e as janelas deixavam entrar os raios de sol no quarto das irmãs. Clara acordou e tem a tarefa de acordar a irmã. A Mariana, como faz em todos os natais, pôs-se a cantarolar:
- O Natal chegou, presentes vamos ter, o Pai Natal um beijo nos vai dar.
Elas saem de casa para verem a bela manhã, brincam até ao meio-dia. Os pais fazem o almoço e elas vão ver televisão. Chegou a noite e elas ficaram acordadas. Foram dar uma espreitadela debaixo da árvore de Natal e já lá estavam os presentes.
De repente, ouviram um riso maléfico e era um senhor gordo, vestido de preto. Clara disse:
- Oh não, ele levou os nossos presentes!
- Vamos segui-lo – disse a Mariana.
Seguiram-no até à rua, subiram para o trenó e esconderam-se.
Clara perguntou a Mariana:
- Para onde é que vamos?
- Não sei! – respondeu a Clara.
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Umas horas depois.
- Chegámos – disse a Clara.
Foram para uma casa recatada, entraram pelas traseiras e só viram brinquedos estragados. Perto da lareira estava o Pai Natal a pensar num plano. As meninas foram ter com ele acocoradas para o ajudar. Ele contou o seu plano:
- Quando o meu irmão passar por ali, é suposto ele tropeçar naquela pedra e cair no caldeirão com a poção mágica que o vai fazer ficar bom.
O Senhor das Trevas caiu no caldeirão e puf! desapareceu. A Mariana disse ao Pai Natal e à Clara:
- Pode não ter ficado bom, mas já não estraga o Natal. Sempre é melhor assim!
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O Pai Natal tentou resolver tudo, entregando de novo os presentes.
- Não vai ser possível refazer os vossos presentes, pois ficaram completamente destruídos – disse o Pai Natal muito triste.
- Para nós, estar contigo neste Natal foi o melhor presente de todos. Só te pedimos para conheceres os nossos pais para eles deixarem de duvidar da tua existência.
Os pais das meninas viram-no ao vivo e nunca mais duvidaram das filhas. Para eles foi um Natal inesquecível.
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Texto: Beatriz Fradique - 4.º ano
Ilustrações: Beatriz Ribeiro - 4.º ano (em cima) e Beatriz Fradique - 4.º ano (em baixo)
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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

VI CONCURSO DE PRESÉPIOS - O CARTAZ

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TRAVESSURAS DE NATAL

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Duas das turmas da escola - as outras duas vão para a semana - deslocaram-se ontem, num itinerário de recompensa certa, à Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade. 
As anfitriãs, como sempre, primaram em receber bem, plenas duma simpatia muito própria, como se aqueles sorrisos fizessem parte do seu respirar. No bornal tinham, bem aprimorada, a obra "Travessuras de Natal", de Luísa Neves, e o encantamento aconteceu como se fosse a primeira vez.
Gente linda e talentosa, estas meninas da Biblioteca!
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quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

CÁ EM CASA

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Cá em casa somos 3 meninas pequeninas, 1 mulher e 1 homem. O homem trata do jantar, a mulher das meninas e as meninas brincam.
Cá em casa somos 5 estômagos. O de uma menina pequena quase vazio e os outros sempre cheios.
Cá em casa somos 10 bochechas, todas vermelhinhas e gordinhas prontas para receber comida.
Cá em casa somos 60 dedinhos e 40 dedões. Os das meninas pequenas prontos para mexer em tudo quanto é sítio e os dos adultos, homem e mulher, prontos para trabalhar.
Cá em casa somos 851 999 fios de cabelo. Alguns fininhos, outros grossos e uns pretos e outros castanho claros.
Cá em casa somos 20 nomes. Todos os das meninas começadas em Maria.
Cá em casa somos 5 pessoas sempre prontas a trabalhar, a brincar e a divertir-se.
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Texto e ilustração: Maria Rita - 3.º ano, baseado no texto "Cá em casa somos", de Isabel Minhós Martins
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BARRETE SOLIDÁRIO

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A APPACDM está a levar a cabo, nesta quadra natalícia, uma campanha com a designação "Barrete Solidário", colocando à venda barretes prateados ao módico preço de 2 euros.
Se alguém estiver interessado, poderá contactar a nossa escola que nós providenciamos a entrega. Poderá, desta forma, auxiliar uma instituição que bem o merece.
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terça-feira, 5 de dezembro de 2017

SÍMBOLOS DO NATAL - A ÁRVORE

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Árvore numa das salas da nossa escola
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Há uma estrela refulgente, sinal primeiro,
há luzes que nos envolvem, gesto fagueiro,
há homens a procurar, patamar cimeiro,
há mensagens a voar, de corpo inteiro.
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SÍMBOLOS DO NATAL - O PRESÉPIO

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Presépio numa das nossas salas
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Nasceu pobre, assim ditava a humildade.
Nasceu rico, fruto da santidade.
Pelo mais, pelo menos, ou por tudo com que nos tomem,
quis diluir, num só átomo, a essência do homem.
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segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

CONSERVA DE AZEITONAS - MUDANÇA DE ÁGUA

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Antes da mudança da água
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Depois da mudança da água
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Já lá vão alguns dias depois de iniciado o processo da conserva de azeitonas. Agora é chegado o trabalho mais moroso e paciente, com a mudança de água de dois em dois ou de três em três dias.
Hoje, quando a Teresa e a Cecília, após irem buscar água de nascente, se ocupavam da azáfama,  substituindo a água e repondo a dose de orégãos, surgiu a máquina fotográfica e captou o momento.
Para o Natal, esperamos nós,  talvez já haja azeitonas prontas a comer.
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COMEÇAM A CHEGAR OS PRESÉPIOS

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Aproxima-se o prazo de entrega para os participantes no VI Concurso de Presépios e, como nestas coisas há sempre quem não goste de ficar para a última, alguns já começaram a chegar à escola.
São lindos, como sempre, a fazer despertar em nós toda a magia e encantamento da época. A exposição promete!
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