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Este blog pretende ser uma janela, de vidros transparentes, por onde toda a comunidade possa "espreitar" as actividades desenvolvidas pelos nossos alunos.
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quarta-feira, 10 de janeiro de 2018
terça-feira, 9 de janeiro de 2018
VI CONCURSO DE PRESÉPIOS - CERIMÓNIA DE ENTREGA DE PRÉMIOS
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Os seis premiados |
Um evento, para quem o organiza, requer sempre o máximo de atenção para com os mais ínfimos pormenores, pois só assim o sucesso poderá ganhar asas. Apesar de um ou outro percalço, foi isso que tentámos fazer e, no cômputo geral, podemos dar-nos por satisfeitos.
Após algumas vicissitudes com o tempo, decorreu hoje a cerimónia de entrega de prémios do VI Concurso de Presépios, levado a efeito pela nossa escola, que estava a suscitar alguma ansiedade nos alunos. Cerimónia simples, como convém, de modo a não tirar o brilho aos concorrentes e às verdadeiras obras de arte que apresentaram a concurso.
.Da esquerda para a direita: Beatriz Fradique (3.º lugar), Lara Faria (2.º lugar) e Matilde Saraiva (1.º lugar) |
A cerimónia fluiu a contento de todos, apesar de uma ou outra chamada de atenção. Os alunos estão-se a construir, note-se, e numa escola todos os momentos são bons para aprender. Eles sabem disso.
De repente começa a chamada para a entrega das medalhas. Eles gostam de ouvir o nome, de se sentir medalhados, de ouvir aplausos. Afinal a vida tem muito a ver com isso, a recompensa depois do esforço.
.Menções Honrosas: Lourenço Correia, Érica Aragão e Maria Rita Mendes |
Depois das medalhas, distribuídas a todos os participantes, chega o momento mais aguardado: a chamada dos nomes responsáveis pelos presépios vencedores. E, para a posteridade, aqui ficam eles.
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1.º lugar: Matilde Nunes Saraiva
2.º lugar: Lara de Castro Rocha Faria
3. lugar: Beatriz Castro Fradique
Menção Honrosa: Maria Rita Esteves Mendes
Menção Honrosa: Lourenço Miguel Silva Correia
Menção Honrosa: Érica Sofia Raposo Aragão
.Pormenor da cerimónia |
No final, por entre emoções à solta, as fotografias da praxe para os vencedores, com um sorriso diferente do habitual. Compreende-se, estar na crista da onda é algo que mexe sempre connosco, principalmente em crianças deste escalão etário, a iniciar-se nos caminhos da vida.
De realçar, por ser bem patente, a satisfação de todos os participantes. É que todos sentiam, e não o conseguiam esconder, o calor que uma medalha ao peito lhes transmitia.
No rescaldo, e de forma bem efusiva, o justo e merecido agradecimento aos pais/encarregados de educação, que tão bem souberam dar corpo a esta iniciativa que já galgou as fronteiras da escola. Para eles o nosso imenso e sentido bem-haja.
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Nota: Amanhã publicaremos um extenso filme sobre o acontecimento, onde praticamente todas as caras estarão visíveis.
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sexta-feira, 5 de janeiro de 2018
ADIAMENTO DA ENTREGA DE PRÉMIOS DO VI CONCURSO DE PRESÉPIOS
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Estava prevista, para hoje, a horas desencontradas dos compromissos de cada turma - foram tidas em conta as AEC's, o Inglês Curricular... - a cerimónia de entrega de prémios do VI Concurso de Presépios. Infelizmente a chuva, tão desejada há tantos dias, resolveu dar sinal de vida, e logo hoje, precisamente hoje, e à hora pré-estabelecida, impedindo a junção das quatro turmas que, como sabem, frequentam dois edifícios distintos. Que fazer, nestas circunstâncias, quando desígnios superiores resolvem interferir? Acima de tudo não dramatizar e, como consequência, adiar. Assim pensado, assim decidido. E a cerimónia, tão ansiada pelos alunos, irá ter lugar na próxima terça-feira, dia 9 de janeiro, no pavilhão da ADCRAJ.
O nome dos vencedores já está apurado, mas até lá há que manter sigilo. De qualquer forma, e é bom que se diga, isso não é o mais importante. Há que salientar, acima de tudo, a grande aderência à iniciativa, com o resultado final a cifrar-se em 77 trabalhos a concurso. Os Pais/EE estão de parabéns, sem qualquer dúvida, e nunca é de mais salientar esse pormaior!
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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
CONTO DE NATAL
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Porque há outros Natais...
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Porque há outros Natais...
FELIZ NATAL, GUGA!
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Havia um mundo para lá das luzes da avenida, recheado de sombras, onde
residiam os vencidos da vida. As estatísticas mostravam-se arredias, pouco ou
nada sensíveis com tal gente, que só servia para atrapalhar as contas duma
qualquer folha de Excel. Mas, por mais que inventassem novas borrachas, novas
formas de subtrair, aquele mundo existia, pleno de grandezas e misérias. Ali,
no patamar mais baixo da existência, povoado por um batalhão de desistentes
semi-adormecidos, havia corações a palpitar, gente que, nos confins da alma,
teimava em sonhar com melhores dias.
Guga tentou manter-se agarrado ao sono, num exercício quotidiano
esculpido na prática da sobrevivência. O despertar da grande colmeia, numa
correria desenfreada, nada lhe trazia de bom, antes pelo contrário. Àquela hora
nunca davam nada e, do seu rasto, ficava apenas o perturbar do parco descanso
concedido pela díspar fauna noctívaga. Tentou dormitar, mas não conseguia.
Levantou-se, a custo, e esgueirou-se para os lados do Dragão Vermelho, reles
bar de engate a preços acessíveis. De vez em quando o pessoal da limpeza, gente
do bairro, deixava-o esgueirar-se até aos sanitários, que tresandavam a urina,
e por lá saciava as necessidades mais prementes do corpo. Por vezes olhava-se
ao espelho, mas era raro, só o fazia quando se sentia capaz de enfrentar os
seus fantasmas.
- Despacha-te, Guga, que o patrão pode aparecer por aí!
Por ali ainda tinha nome, ainda que adaptado às circunstâncias, mas só
ali. Do outro, associado a outras vivências, de há muito lhe tinha ocultado o
rasto, embora, quando o fundo do poço ficava mais à vista, se insinuassem as
memórias. Saiu, com um aceno, o pessoal dali nada mais lhe exigia. Sabiam bem
que, na vida, há um limiar que a todos pode driblar.
Ao fim da tarde, quando a roda da vida parece endoidecer, Guga começou
a estranhar. O movimento era o de sempre, gente apressada por todo o lado, mas
naquela tarde havia algo diferente, como se a pressa ganhasse contornos de
vida, para lá dos gestos mecânicos. Continuava a haver pressa, mas esta era
diferente. Talvez fosse a expressão dos rostos, talvez os gestos mais soltos,
como que alheados das grilhetas, talvez fosse tudo isso ou qualquer outra coisa que lhe escapava. O certo é que, apesar de apressadas, as pessoas pareciam
transportar algo de precioso dentro de si. Até as moedas, habitualmente escassas,
pingavam na sua caixa com outra intensidade.
As ruas foram ficando vazias, mas mesmo os mais retardatários
apresentavam aquele estranho brilho nos olhos, como se de repente descobrissem
que, na sua vida, houvesse algo que valesse a pena. Guga estranhava, mas não
entranhava. E, às tantas, com a rua às moscas, levantou-se do seu poiso diurno,
passou pelas traseiras do Clementina, onde uma empregada, de modo furtivo, lhe
costumava dar umas bifanas, e dirigiu-se, sem qualquer pressa, para o beco
onde, por entre cartões, sacos de plástico e um ou outro cobertor, aconchegava
a sua solidão.
Naquele princípio de noite, porém, algo destoava. Encafuada num dos cobertores,
lambendo as suas crias, uma mãe gata acabava de dar à luz. Guga parou, meteu a
indignação no bolso e, sem se dar conta, deixou-se embalar no quadro, como se,
de repente, a vida lhe mostrasse outra face. Ficou por ali, encantado, sem nada
dizer, não se atrevendo a dar qualquer passo. Só despertou quando, à entrada do
beco, surgiu o Tripeiro, de garrafa na mão, que lhe atirou, com um quase sorriso:
- Feliz Natal, Guga!
- Feliz Natal, Guga!
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Agostinho Craveiro
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sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
FESTA DE NATAL
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Festa de Natal da EB1 Aldeia de Joanes, ano da graça de 2017.
Por que o fazemos? O que nos move para celebrar o Natal? Eis uma questão que, na mera retórica, poderá suscitar muitas respostas, mas nós, por aqui, tendemos a simplificar. Por mais voltas que o mundo dê, a mensagem natalícia continua atual, correspondendo a uma necessidade de vivermos num mundo mais justo, mais solidário, mais afetivo...
.Por que o fazemos? O que nos move para celebrar o Natal? Eis uma questão que, na mera retórica, poderá suscitar muitas respostas, mas nós, por aqui, tendemos a simplificar. Por mais voltas que o mundo dê, a mensagem natalícia continua atual, correspondendo a uma necessidade de vivermos num mundo mais justo, mais solidário, mais afetivo...
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Hoje, mais uma vez, os nossos alunos consagraram um ato de renovação da esperança, em que a alegria tem um papel primordial. É assim que eles querem desenhar a vida, é por isso que todos ansiamos.
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São 9:30. Na sala estão reunidas cerca de 100 pessoas, com a moral em alta, prontas para ver, sentir e dar o melhor de si.
Na abertura da festa canta-se, com convicção, numa quase comunhão em que os valores, sem se dar conta, vão envolvendo os presentes.
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Dizem-se palavras, com entoação sentida, tentando espevitar a luz da mensagem.
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Dança-se, qual transfiguração da pessoa em cenários sonhados, qual efémera escultura em movimento.
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Dramatiza-se, com cunho peculiar, insistindo-se na mensagem dum mundo mais justo, mais harmonioso, com espaço para todos...
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Por fim, a apoteose em tons musicais envolventes, motivadores, congregadores. E todos se sentiram na mesma onda, todos se sentiram embarcados numa viagem comum. Era o que interessava.
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Na sala ao lado, graças ao excelente contributo dos pais, as mesas estavam repletas de iguarias. E, duma outra forma, voltou-se a conviver, agora com livre curso de gestos e palavras.
Festa de Natal da EB1 Aldeia de Joanes, ano da graça de 2017. A festa foi linda, ó se foi!.
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Natal
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
EXPOSIÇÃO DE PRESÉPIOS
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Uma comunidade quer-se viva, participativa, sentindo as coisas como construção da vida que deseja para si e para os seus filhos. A que é servida por esta escola, por mais desafios que enfrente, não deixa de nos surpreender. Solicitada para mais um concurso de presépios, com recurso a materiais reutilizáveis, não acusou qualquer desgaste, antes pelo contrário. Num universo de 90 alunos, apareceram a concurso setenta e sete (77) trabalhos, um número recorde, que ultrapassa todas as participações registadas em anos anteriores.
Esta comunidade, por mais mais voltas que a vida dê, continua a ser motivo de orgulho para todos, afirmando, na prática, que podem sempre contar com ela.
Um enorme bem-haja!
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Para os interessados, a exposição das obras a concurso poderá ser visitada na sede da ADCRAJ, em Aldeia de Joanes, onde permanecerá até dia 6 de Janeiro, data da entrega dos prémios.
Dê lá um salto, vai ver que vale a pena. Os presépios em exposição são liiiiiindos, capazes de encantar os mais exigentes.
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
ENSAIOS PARA A FESTA DE NATAL
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Ultrapassada a fase das Fichas de Avaliação, a escola tem vivido, nos últimos dias, momentos de maior descontração, com particular ênfase nos ensaios para a festa de Natal.
Os alunos do 4.º ano, já com outra autonomia, pegaram nas rédeas dos conteúdos que irão apresentar e, vai daí, escreveram (a Joana Augusto) uma pequena peça de teatro e coreografaram uma dança. O professor, atento, apenas vai dando uma pequena achega aqui e ali.
Faltam apenas três dias para a festa, mas eles parecem capazes de dar volta ao desafio. Vamos lá a ver como é que eles se saem.
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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
TRAVESSURAS DE NATAL
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Duas das turmas da escola - as outras duas vão para a semana - deslocaram-se ontem, num itinerário de recompensa certa, à Biblioteca Municipal Eugénio de Andrade.
As anfitriãs, como sempre, primaram em receber bem, plenas duma simpatia muito própria, como se aqueles sorrisos fizessem parte do seu respirar. No bornal tinham, bem aprimorada, a obra "Travessuras de Natal", de Luísa Neves, e o encantamento aconteceu como se fosse a primeira vez.
Gente linda e talentosa, estas meninas da Biblioteca!
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Natal
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
COMEÇAM A CHEGAR OS PRESÉPIOS
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Aproxima-se o prazo de entrega para os participantes no VI Concurso de Presépios e, como nestas coisas há sempre quem não goste de ficar para a última, alguns já começaram a chegar à escola.
São lindos, como sempre, a fazer despertar em nós toda a magia e encantamento da época. A exposição promete!
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segunda-feira, 27 de novembro de 2017
JÁ CHEIRA A NATAL
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Ainda falta um mês para a comemoração da efeméride, mas na escola já se começam a ouvir os primeiros acordes de Natal, despoletando emoções que, em crescendo, tendem a culminar na festa, por excelência, da família.
Na sexta-feira, na aula de Inglês, a prof.ª Ana Margarida deu o pontapé de saída, ensaiando com os alunos do 4.º ano a canção "He has a red red coat". Ficou tão satisfeita com a correspondência que, não se contendo, chamou-nos para observar o desempenho. A fotografia surgiu, naturalmente, perante tanto empolgamento.
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segunda-feira, 20 de novembro de 2017
sexta-feira, 6 de janeiro de 2017
IV CONCURSO DE MINIATURAS DE ÁRVORES DE NATAL - O JÚRI E A SUA APRECIAÇÃO
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Os trabalhos eram muitos e de qualidade, augurando difícil trabalho ao júri. Analisaram, ponderaram, mas a decisão não saía. Voltaram a analisar, conversaram entre eles e, apesar da falta de unanimidade, lá chegaram a um consenso.
Decididos os números das obras vencedoras, coube-nos a nós verificar, nas listas de registo, a que nome correspondia o número. A seguir - a decisão, conforme data do documento emitido pelo júri, aconteceu antes do Natal - havia que guardar sigilo, só quebrado hoje, ao fim da tarde, quando foram anunciados os vencedores.
De qualquer forma, e analisando a questão para lá dos prémios, todos foram vencedores. Foi por isso que os oitenta e três (!) participantes tiveram direito a medalha. Mas o mais importante, temos a certeza, foram os momentos de partilha, em cada família, na elaboração das obras e, nos dois locais de exposição - sede do Agrupamento de Escolas Gardunha e Xisto e ADCRAJ - os momentos de prazer que proporcionaram aos visitantes. Há coisas, na vida, que não são quantificáveis. Sentem-se, simplesmente.
Um enorme bem-haja a todas as pessoas - júri, comunidade educativa, instituições... - que se deixaram envolver, pela positiva, neste evento!
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Nota: Se quiser saber os nomes dos vencedores, tenha um pouco mais de paciência. Eles vão aparecer, já a seguir, na extensa reportagem fotográfica que fizemos.
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Nota: Se quiser saber os nomes dos vencedores, tenha um pouco mais de paciência. Eles vão aparecer, já a seguir, na extensa reportagem fotográfica que fizemos.
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quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
IV CONCURSO DE MINIATURAS DE ÁRVORES DE NATAL - AMANHÃ HÁ PRÉMIOS
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Pormenores da exposição na ADCRAJ
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As obras do IV Concurso de Miniaturas de Árvores de Natal, depois de estarem uma semana em exposição na sede do Agrupamento de Escolas Serra da Gardunha, onde foram devidamente apreciadas e elogiadas, passaram o Natal no átrio da ADCRAJ, onde saciaram a curiosidade de muitos.
Amanhã, Dia de Reis, far-se-á a cerimónia da entrega de prémios. Nestas coisas, já se sabe, as opiniões variam de pessoa para pessoa, até porque a qualidade era elevada, mas o júri, soberano na sua decisão, já fez a escolha. O segredo, resistindo a todas as tentações, vai manter-se por mais um dia, e só mesmo amanhã, por volta das 16:00, se saberá quem foram os distinguidos. Seja como for, parabéns a todos os participantes, pois o seu esforço e a sua arte muito contribuíram para maravilhar todos os que dela desfrutaram. Como já por aqui dissemos várias vezes, a comunidade educativa de Aldeia de Joanes é única!
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quarta-feira, 4 de janeiro de 2017
O MEU NATAL
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Texto: Beatriz Fradique - 3.º ano
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Aldemir Martins, Natividade (óleo sobre tela)
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Nas minhas férias de Natal, sobretudo na primeira semana, diverti-me imenso. Fui a muitos sítios e estive com a minha família.
Antes do Natal, fui à Cidade Natal, na Guarda, onde vi meninos a patinar, ouvi histórias e tirei muitas fotos. Vi o musical "A Bela e o Monstro no gelo", em Matosinhos, e fui à Kidzania com o meu primo Márcio, onde tirei a carta de condução e o cartão multibanco e fiz o meu almoço, hambúrguer e gelado.
A ceia de Natal foi em casa dos meus primos com a minha avó Idalina. Comemos bacalhau com broa e para sobremesa comemos panacota.
No dia seguinte, dia 25 de dezembro, pusemo-nos à volta da árvore de Natal a abrir os presentes e depois de os abrir brincámos muito com eles.
O tempo passou a correr. Fomos almoçar e acabámos por vir embora. Dirigimo-nos para a Cortiçada para jantar com os meus outros avós.
E aí acabou o meu Natal.
.Texto: Beatriz Fradique - 3.º ano
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quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
O NATAL DO TIAGO
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Começaram a chegar, bem cedo, acomodando-se na sala o melhor que podiam. Todos tinham recebido o recado, sem necessidade de trompetas. Uns pelo vendedor de pão, que fazia o circuito pela região de dois em dois dias, outros pelo carteiro, visitante semanal, outros por um qualquer compadre que se tinha ido abastecer à vila, com passagem obrigatória pelo Casal da Pena, residência do João Profeta. Dos que estavam mais longe, em Lisboa e no Porto, se encarregaram os progenitores, que o respeito pela proveniência a isso obrigava. A mensagem era simples: quinta-feira, dia da Sra. da Conceição, todos em minha casa. E o todos abarcava filhos e filhas, genros e noras, netos e netas.
Quando a casa ficou composta, com plena ocupação de bancos, cadeiras e o colo das jovens mães, o João Profeta entrou na sala. Caminhava devagar, como que a impor a sua presença, alicerçada em alta estatura, costas direitas e um olhar que impunha respeito, forjado muito para lá de vãs cumplicidades. Olhou em volta, percorrendo os olhos dos circundantes, remirou-os e, finalmente, esboçou um sorriso, prenúncio das primeiras palavras.
- É com muito agrado que vos acolho em minha casa. Esta família sempre esteve unida, por laços de sangue, mas chegou a altura de lhe darmos outro significado.
A audiência ouvia, expectante, sabendo que daquela boca nunca saíam palavras ocas. João Profeta virou-se, devagar, até se enquadrar na gravidez de Lídia, mulher do seu neto João. Estendendo o braço na sua direcção, continuou:
- Esta mulher está prestes a deparar-se com a maternidade. Dentro dela germina uma nova vida, prestes a brotar, e toda a gente, à sua volta, irá sentir a graça desse natal.
A assembleia não tugia nem mugia. Os filhos, elo transmissor da forma de estar de pai para netos, sabiam bem que, daquela fonte, apenas jorravam palavras com significado.
- Este ano, se nada afrontar esta vontade, vamos recrear o Natal em minha casa. Já falei com o Dr. Ventura, médico da Lídia, que me disse que, quanto ao seu estado, tudo está a decorrer de forma natural, e que estava disposto, desde que tivesse as condições mínimas, a estar presente na hora do parto. Aqui.
Ouviu-se um burburinho na sala. A Lídia e o João, contudo, mantinham-se tranquilos. João Profeta, entretanto, prosseguiu:
- Também falei, de coração nas mãos, com a Lídia e o João, que me ouviram e entenderam. Assim sendo, daqui a duas semanas quero-os todos aqui, com vontade de estar e partilhar. A organização da estadia deixo-a por conta dos meus filhos, que sabem bem o que hão-de fazer.
Os dias passaram. A casa do João Profeta começou a ganhar um movimento inusual, com entradas e saídas pautadas pelo uso das ferramentas. Reparou-se parte do soalho, reviu-se a instalação eléctrica, abasteceu-se a despensa, cortou-se lenha para encher o resguardo até ao cimo. O médico, entretanto, passou pela casa para escolher a divisão mais adequada. Ficou-se pelo quarto maior, onde acomodou compressas, agulhas, seringas, lâminas, xylocaína, povidine tópico, gazes, uma sonda. A cozinha, ampla, levou uma volta de alto a baixo, com tachos e panelas a confrontarem-se com uma barrela como há muito não viam.
A hora aproximava-se. Na véspera do previsto começaram a chegar filhos e netos, instalando-se em tudo o que era divisão. Abraçaram-se, trocaram impressões. De seguida, não fosse o progenitor espicaçá-los, despertaram colchões, manusearem lençóis e cobertores, puseram a conversa em dia. O João Profeta, omnipresente, evitava falar, apenas impunha a sua presença. E só quando a Lídia e o João chegaram é que lhe ouviram a voz, quase sempre dirigida ao elemento feminino: vem para aqui, senta-te ali, descansa, o que é que queres comer. O João, compreensivo, apenas sorria.
À noite comeu-se o tradicional: bacalhau cozido com couves e batatas, regados com o vinho da produção do João Profeta, a que se seguiu um arroz doce e um pudim de ovos de estalo. A conversa insinuou-se, de forma fácil, os afectos estavam demasiado presentes. O João Profeta sorria, satisfeito, como que de pazes feitas com a vida, enquanto as mulheres, na sua sabedoria, iam fritando as filhós, enquanto entoavam cânticos.
Às tantas, já o calendário transbordava para lá da meia-noite, ouviu-se um choro a irromper na vida de cada um: acabara de nascer o Tiago, símbolo de tudo o que ali os trouxera. O Dr. Ventura, refém da sua palavra, afastou as portas do quarto grande para mostrar, a toda a família, o símbolo daquele encontro: a união, a paz, a entreajuda. Os copos ergueram-se, em uníssono, deixando as filhós para segundo plano. O velho João Profeta, com voz embargada, lá acabou por dizer:
- Que o natal do Tiago seja sempre referência para todos nós. Saúde!
Dizem as pessoas que, nessa noite, a Serra da Gardunha brilhou como nunca dantes, vá lá saber-se o porquê.
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AC
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