O primeiro contacto com a escola, para uma criança de 6 anos, é sempre marcante.
O dia até nem era de aulas, era um mero esboço de intenções daquilo que se pretendia para o ano escolar, com uma conversa mais séria com os pais, mas para uma criança desta idade as coisas não são assim tão simples. Para ela a escola parece enorme, para lá do real tamanho, e nela projeta expetativas e ansiedades em que os protagonistas, para além da sua pessoa, são esboços intermitentes de maior ou menor dimensão, de acordo com a forma como se consegue inserir, rodeada de milhentos rostos.
A reunião, em primeira instância, foi dedicada aos progenitores, enquanto as pequenas avezinhas, ainda a dar-se conta das primeiras penas, eram encaminhadas, por mão responsável, a conhecer os cantos à casa, com direito a bónus: o contacto com a nossa cadelinha, a afetuosa Taiti.
Às tantas, esclarecidos os pais, chegou a vez dos alunos entrarem na sala, sem qualquer âncora paternalista: eram apenas eles e o professor, que pretendia estender as primeiras linhas para, em conjunto, tecerem, no futuro, uma verdadeira teia de cumplicidades.
Eles iam-se acomodando nas cadeiras, com um ou outro a ousar um dito engraçado, enquanto o professor procurava criar o clima adequado. Estava-se nisto quando, às tantas, um pequenote (era o Salvador Pereira) se abeira do professor e, com o ar mais sério do mundo, anuncia:
- Sabes, hoje eu faço anos.
Caramba, Salvador, saibamos nós dar importância a esse e a outros sentires. Parabéns, amigo!
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