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Um dia, já lá vão quatro anos, quatro mãos cheias de pequenotes bateram à porta. Traziam desenhado, nos gestos, um misto de curiosidade e receio, mas com uma luz inconfundível a adornar-lhes o olhar. Às costas traziam uma mochila imensa, repleta de livros e apetrechos, mas eles nem lhe sentiam o peso. Queriam, qual vontade indómita, aprender a ler, queriam descodificar o mundo, queriam crescer...
Muito se passou, entretanto, muitas aventuras se viveram. E, quase sem se darem conta, cresceram braços e pernas, dilatou-se o conhecimento do mundo, começou a germinar a autonomia. E sempre, mas sempre, bordada por uma enorme curiosidade, temperada pelas brincadeiras sem fim do recreio.
O tempo passou, pleno de exigências e afetos, e as asas foram-se insinuando, cada vez maiores, ávidas de sobrevoar fronteiras, sejam elas quais forem. Ainda há receios, pois é claro, mas transportam consigo uma luz única, primordial, própria de todos os aprendizes: querem compreender, querem abraçar, querem conquistar.
O caminho será longo, pleno de pedras e pedrinhas, aqui e ali algum calhau, quiçá um pedregulho. Mas, se se recordarem da orientação do voo, chegarão, com maior ou menor dificuldade, sempre a bom porto.
Ao ver-vos partir, há uma parte de nós que se angustia, qual pai que vê partir um filho para lá da segurança do ninho. Mas há outra, sempre presente, que se orgulha do trabalho feito, que sente, na plenitude, a vossa vontade de vencer.
Que o vosso voo abrace a plenitude, minhas eternas avezinhas!
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