Este blog pretende ser uma janela, de vidros transparentes, por onde toda a comunidade possa "espreitar" as actividades desenvolvidas pelos nossos alunos.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
NEVE EM ALDEIA DE JOANES
1 comentário:
Tozé Brito
disse...
Maravilha!
Fui "transportado" para 40 anos atrás..
Obrigado
Deixo um bonito poema (do conhecimento de todos) de Augusto Gil, bem adequado ao conjunto de fotos apresentadas..
A NEVE (Como aparecia nos livros dos anos quarenta)
Batem leve, levemente, como quem chama por mim... Será chuva? Será gente? Gente não é, certamente e a chuva não bate assim...
É talvez a ventania; mas há pouco, há poucochinho, nem uma agulha bulia na quieta melancolia dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente, com tão estranha leveza, que mal se ouve, mal se sente? Não é chuva, nem é gente, nem é vento, com certeza.
Fui ver. A neve caía do azul cinzento do céu, branca e leve, branca e fria... Há quanto tempo a não via! E que saudade, Deus meu!
Olho-a através da vidraça. Pôs tudo da cor do linho. Passa gente e, quando passa, os passos imprime e traça na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais da pobre gente que avança, e noto, por entre os mais, os traços miniaturais de uns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos... a neve deixa inda vê-los, primeiro, bem definidos, - depois em sulcos compridos, porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador sofra tormentos... enfim! Mas as crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor?!... Porque padecem assim?!
E uma infinita tristeza, uma funda turbação entra em mim, fica em mim presa. Cai neve na natureza... – e cai no meu coração.
1 comentário:
Maravilha!
Fui "transportado" para 40 anos atrás..
Obrigado
Deixo um bonito poema (do conhecimento de todos) de Augusto Gil, bem adequado ao conjunto de fotos apresentadas..
A NEVE (Como aparecia nos livros dos anos quarenta)
Batem leve, levemente,
como quem chama por mim...
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim...
É talvez a ventania;
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento, com certeza.
Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
Há quanto tempo a não via!
E que saudade, Deus meu!
Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...
Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
de uns pezitos de criança...
E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
- depois em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...
Que quem já é pecador
sofra tormentos... enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na natureza...
– e cai no meu coração.
Augusto Gil - Luar de Janeiro, 1909
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