terça-feira, 31 de outubro de 2017

ARQUEÓLOGO POR UM DIA - NA BARROCA DO ZÊZERE

.
.
A visita estava atempadamente agendada. Mas, pela programação e planificação que envolveu, suscitava espetativas superlativas, tanto nos alunos como nos acompanhantes.
Hoje, finalmente, chegou o grande dia. E lá fomos, plenos de animação, guiados pelo Pedro Silveira, Coordenador da Rede de Visitas Educativas da Câmara Municipal do Fundão, em busca das gravuras rupestres do Poço do Caldeirão, na Barroca do Zêzere.
A aldeia, integrada na rede "Aldeias do Xisto", não nos podia receber melhor: ruas cuidadas, limpas, que dão gosto calcorrear; casas e espaços reabilitados, impregnando o local duma aura muito própria e acolhedora; pessoas de olhar franco e amistoso, conferindo autenticidade ao ar que se respirava.
 .

A prudência dizia-nos que, antes de iniciarmos a visita, havia que reconfortar o estômago. E foi isso que fizemos. Depois, já refeitos, orientámos a nossa direção para o rio, pois era aí que se centrava o nosso centro de interesse. E, ao chegarmos à sua beira, o impacto foi tremendo: aguardava-nos uma paisagem maravilhosa, em plena harmonia: as águas corriam livremente, transpondo um açude, devidamente enquadradas pelo verde dos pinheiros e o azul do céu. Digno de se ver!
.
.
Após o êxtase da paisagem, devidamente gravado na mente de cada um, atravessámos uma ponte pedonal e, chegados à outra margem, virámos à esquerda (o local está devidamente sinalizado), tomando o rumo do Poço do Caldeirão: 500 agradáveis metros, percorridos em terra batida e num passadiço metálico edificado para o efeito.
.
.
O Poço do Caldeirão era já ali. O Pedro, que seguia à frente, orientou o pelotão em direção a umas enormes rochas situadas em pleno leito do rio. E, de repente, surgiu ao olhar de todos a gravura dum cavalo que, vá lá saber-se o porquê, alguém, há milhares de anos atrás, resolveu reproduzir numa rocha. Porque o teria feito? Ideias há muitas, mas ninguém tem a certeza. Apenas podemos especular.
.
.
Estivemos por ali algum tempo. Algumas perguntas surgiram, espontâneas, a vontade de saber a isso impelia. E, com toda a certeza, muitos cenários surgiram no imaginário de cada um, projetando-se no passado como algo de muito presente.
.
.
De regresso à Barroca, agora por ruas onde o xisto atingia o seu esplendor, sempre com a explicação atenta e oportuna do Pedro, este conduziu-nos para a loja da D. Laurinda, dona da mercearia do lugar, onde cada membro da expedição foi contemplado com um esquecido, bolo tradicional da nossa região.
.
.
De seguida, com o estômago a sorrir, dirigimo-nos para o Cento Interpretativo de Arte Rupestre do Poço do Caldeirão, situado num solar recuperado, a Casa Grande, onde se consolidou o que se tinha visto e ouvido: paleolítico (pedra lascada) e neolítico (pedra polida), nómada e sedentário, a atração da água, artefactos característicos de cada período... 
.
.
A visita decorria, agregadora, plena de interesses muitos. Sem nos darmos conta, contudo, também o tempo, inexorável, assistia ao deslocar dos ponteiros. Teve pena de nós, pela certa, ao ver tanto interesse e entusiasmo, e não nos avisou. Resultado: chegámos meia hora atrasados à escola. Mas valeu a pena, ó se valeu! Barroca do Zêzere, pela multiplicidade de interesses, merece bem uma visita.
.
.
P.S. No período da tarde fomos visitar o Museu Municipal José Monteiro, outro período alto do nosso dia, que merece bem outro post. Fica para o próximo dia.
.
.

2 comentários:

Beatriz Ribeiro disse...

Foi muito fixe!!!

Rodrigo Antunes disse...

Gostei muito de ir à terra do meu pai. Foi muito divertido ver as figuras rupestres. A Barroca é uma maravilha. Espero que o meu pai me deixe mostrar-lhe a figura rupestre. Foi o máximo!