sexta-feira, 17 de novembro de 2017

OS ANTIGOS HABITANTES DA ZONA DO POÇO DO CALDEIRÃO (BARROCA DO ZÊZERE)

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Qualquer trabalho plástico requer motivação, vontade de comunicar algo (conteúdo), para lá da opção da forma. Há que expressar sentimentos, ideias, há que tentar perceber o mundo que nos rodeia. E, para isso, é fundamental conhecer o passado.
Há dias fomos saciar a vontade de mais saber (as crianças são admiravelmente curiosas) tendo como alvo uma figura rupestre, "adormecida" há milhares de anos num rochedo do Zêzere, no Poço do Caldeirão, mesmo defronte à Barroca que abraçou o nome do rio. Bem preparados para a visita, após várias sessões e visionamento de filmes sobre o período paleolítico, miúdos e graúdos ficaram encantados com o que viram. E, ali, em contacto com a gravura, várias interrogações surgiram sobre a necessidade de deixar tal testemunho na rocha.
Imaginar é grátis, não custa mesmo nada, daí o professor, num impulso criativo, escrever algo sobre Tchuma, o autor ficcionado da gravura.
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Tchuma, de pé naquela espécie de promontório, que irrompia cerca de dez braçadas nas águas do rio, olhava em volta. A caça tinha corrido bem aos homens. Alika, juntamente com outras mulheres do grupo, ocupava-se a raspar a gordura das peles com um biface. Lok e Kanut, a um canto, partiam pedras do rio, com precisão, para obterem algumas lascas afiadas. Estavam sempre a precisar delas. A garotada, mais abaixo, iniciava-se na pesca com uma espécie de arpão, uma simples vara com uma pedra afiada atada na ponta, soltando gritos de júbilo quando conseguiam apanhar um peixe. Os dias sorriam-lhes, sem dúvida. Naquele lugar havia muita caça, muita pesca e muitos frutos, poderiam ficar por ali algum tempo.
Tchuma fixou-se nas águas, naquele abismo que, em simultâneo, atraía e atemorizava. Gostava de estar ali, mas sabia que, com o passar dos dias, a caça iria para longe. Embalado no som da água a correr, pôs-se de cócoras e, puxando do buril, começou a picotar a rocha, dando forma à gravura dum cavalo. Talvez, quem sabe, fosse uma forma de, quando partissem, ali continuassem a viver.
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O texto, numa cumplicidade que se pretende saudável, de reciprocidade, foi lido aos alunos, que depois foram convidados a ilustrá-lo. E eles, dando corda à sua enorme capacidade de se integrarem em novos contextos, desenharam, desenharam, dando cor e forma aos nossos antepassados do período da pedra lascada.
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Beatriz Ribeiro - 4.º ano
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Diego Macchi - 4.º ano
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Joana Augusto - 4.º ano
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Lara Faria - 4.º ano
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Rodrigo Antunes - 4.º ano
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5 comentários:

Anónimo disse...

Que desenhos tão bonitos!
(Beatriz Fradique)

Francisco M disse...


Não sei porquê mas nunca há desenhos meus, mas mesmo assim são muito giros os desenhos.

sérgiom_ disse...

Pelas ilustrações nota-se que a visita foi proveitosa.

Daqui a milhares de anos estes desenhos vão ser objecto de estudo. :)

joana matias disse...

esta tudo muito giro

Hugo Oliveira disse...

Os desenhos estão muito giros e o texto que o Sr. Professor fez está magnifico, parabéns!!!!! :) :D