sexta-feira, 4 de abril de 2014

HISTÓRIA COM FINAL FELIZ

.
.
Viver implica agir, fazer, proceder, movimento enérgico que desencadeia, por inerência, consequências diversas a que ninguém fica imune.
Manhã de quarta-feira. Um casal caminha, como quase todos os dias, na estrada que liga o Fundão a Aldeia de Joanes. De repente dá-se conta que um cachorro - mais tarde viria a verificar-se que era uma menina - os seguia, sem descolar, como que à procura de vínculo. Ao chegarem em frente à escola, e não conseguindo livrar-se dela, resolveram entregá-la aos cuidados da Teresa, a nossa auxiliar, como que a passar o fardo para outras mãos. A Teresa nem teve tempo para pensar, pois era tempo de entrada na escola, e os alunos logo se envolveram na situação. Já se sabe, qualquer cachorro adora brincar, e a nossa menina não fugia à regra. Entre corridas e festinhas, reforçadas a cada instante com a chegada de outros alunos, foi-se criando uma teia de afetos, traduzida em olhos brilhantes, a que ninguém ficava alheio.
Havia, contudo, que colocar alguma racionalidade na questão, e comunicou-se a ocorrência à GNR, que prontamente entrou em contacto com o Canil Municipal. As aulas lá começaram, mas as cabecitas das nossas crianças não davam mostras de se desligar da presença da "intrusa", dando azo a conversas que desembocavam sempre no mesmo.
Chega o intervalo, e com ele a interação com a cachorrinha. As brincadeiras habituais ficaram para trás, apenas a alegria irreverente daquele pequeno quadrúpede - sempre sob o olhar atento da Teresa - prendia a atenção da pequenada. Sem se darem conta, os laços iam-se reforçando.
Acabado o intervalo, e sem sinal de vida do pessoal do Canil, alguém sugere: e se ficássemos com a cadelinha? Ponderada a questão, e com os afetos a falarem cada vez mais alto, considera-se que talvez valha a pena. E, quando finalmente surgem duas pessoas ligadas ao Canil, a ideia está mais que assente: ficamos com ela. A decisão, como é fácil de prever, provocou ondas de entusiasmo nos nossos alunos.
Começa então a desenhar-se um movimento de vontades. Contacta-se a veterinária Mónica Andrade, que prontamente se disponibiliza a analisar a cadelinha. Vacinar e desparasitar surgem como consequência lógica de quem gosta de animais e sabe o que deve ser feito, para além dos mil e um cuidados a ter com um ser de tão tenra idade. E atrás vem uma mantinha, a necessária ração, um "cartão de cidadã"... No seio dos alunos, que levaram a novidade com eles para o almoço, há alguém que aparece com uma trela, outros sugerem mil e uma outras coisas. A corrente de afetos estava imparável, já ninguém conseguia ficar imune. E a tarde, bordada entre as aulas e o cativante saltitar da menina, lá se passou.
Quinta-feira, contudo, as coisas mudaram de rumo. É que a cadelinha, afinal, tinha dono. De manhã, enquanto fomos à Biblioteca Eugénio de Andrade, passámos incólumes a essa facto, mas já alguém se tinha abeirado da escola para esclarecer a situação. E isso concretizou-se depois de almoço, com o dono da cadelinha a apresentar, muito corretamente, as suas razões. Contra factos não há argumentos, e o senhor lá levou a cadelinha. Mas, antes de ir, teve oportunidade de verificar a onda de tristeza que por ali ficava, à qual não ficou insensível.
Hoje, ainda antes das nove horas, o dono do animal abeirou-se da escola. Tinha sentido, na véspera, o apelo de tanta ternura à solta, e vinha entregar a "nossa menina" aos cuidados da pequenada, considerando que ali ela seria muito mais feliz. Apenas pedia uma coisa: que a cadelinha conservasse o nome de Taiti, pois era assim que tinha sido batizada. Compreendemos que, naquele pedido, havia como que o conservar dum determinado vínculo afetivo, e a nossa resposta só podia ser uma: concordámos. 
Quando se espalhou a nova, entre os alunos, de que a cachorrinha ficava connosco, a alegria, é bom de ver, foi geral. Felizmente, e contrariando tendências cada vez mais pessimistas, ainda há histórias com final feliz.
.
Nota: A vida é muito mais que simples foguetório. A partir do momento em que a Taiti ficou a nosso cargo, os alunos vão ter que aprender a ser responsáveis no seu crescimento. E, como todos sabemos, ele não é feito só de festinhas.
.
.

9 comentários:

Rita Duarte disse...

Obrigada ao dono da Taiti,por nos ter deixado ficar com a cadela.
Vamos tratá-la muito bem!

MIGUEL disse...
































































































































Ès linda TaTy,obrigado por podermos ficar com a cadela.














E









Unknown disse...

Luís Martins e Bernardo Martins

Que linda "menina" apareceu na escola de Aldeia de Joanes.
É mesmo uma escola "DINÂMICA" e CHEIA de VIDA.
E que linda fica a "nova menina", em cima da sua "manta azul". Deve ser tão.....macia!!!!!!!!!!!!!

Mariana Carrondo disse...

obrigado ao senhor por nos ter dado a Taiti

Fabiana disse...

Que lindo é o cãozinho , gostava de ficar com ele .

Anónimo disse...

Que história tão feliz. Obrigado ao dono da Taiti por trazer tanta felicidade aos meninos.
Teresa Nogueira

Anónimo disse...

Adoro-te, Taiti!

Ana Rita Matos 5º Ano disse...

Eu já a vi e ela é brincalhona, engraçada e um pouco malandra mas eu gosto muito dela mesmo assim!!!!!!!!!!!!!! :-)

Tomás Matos disse...

A Tayti é a nossa cadelelinha mimada mas é a nossa melhor amiga do fundo do coraçãosinho amigável♥✴♥