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Às segundas-feiras, religiosamente, eles já sabem: a prof.ª Júlia entra na sala e traz com ela um novo tema sobre educação literária.
Esta segunda ela trazia na ementa "Mistérios", de Matilde Rosa Araújo. E, na profusão de poemas que envolveram a sala, surgiram algumas dramatizações.
A primeira surgiu após a leitura de "O Tempo no Jardim". Assimilada a mensagem, vários foram os alunos que se quiseram envolver na pele das personagens. E, quanto mais fruíam, mais interiorizavam...
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Estavam um velho e uma velha
Sentados
Num banco de um jardim
À luz da tarde
A conversar:
- Lembras-te, Maria? Há quantos anos foi
Que viemos para este bairro?
- Eu sei lá, José! Já nem tem conta…
O vento repousava nas árvores do jardim
Espreguiçado
E os pássaros quase adormeciam
E uma lagartixa parou no chão admirada
Não sei de quê
E as flores dos canteiros ensonadas pendiam
Das corolas
E os meninos parados no meio do escorrega
Sem gritar
Calados
O baloiço vazio
No ar suspenso
- Que horas são, Maria?
- Já é tarde…
Ambos se deram as mãos
Enrugadas, quase frias
E os meninos olhavam admirados
Calados
O que é que os meninos sabiam?
Sentados
Num banco de um jardim
À luz da tarde
A conversar:
- Lembras-te, Maria? Há quantos anos foi
Que viemos para este bairro?
- Eu sei lá, José! Já nem tem conta…
O vento repousava nas árvores do jardim
Espreguiçado
E os pássaros quase adormeciam
E uma lagartixa parou no chão admirada
Não sei de quê
E as flores dos canteiros ensonadas pendiam
Das corolas
E os meninos parados no meio do escorrega
Sem gritar
Calados
O baloiço vazio
No ar suspenso
- Que horas são, Maria?
- Já é tarde…
Ambos se deram as mãos
Enrugadas, quase frias
E os meninos olhavam admirados
Calados
O que é que os meninos sabiam?
A seguir - talvez por preponderância masculina na turma - entra em cena o "Golo", um poema que procura destacar as coisas simples da vida. Nele, os meninos, felizes, jogam à bola com tanto entusiasmo que "os pés dos meninos / são pés de alegria e de vento / a baliza uma nuvem tonta".
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Os meninos
Que jogam à bola na minha rua
Jogam com o Sol
E os pés dos meninos
São pés de alegria e de vento
A baliza uma nuvem tonta
À toa
Na luz do dia
E eu olho os meninos e a bola
Que voa
E ouço os meninos gritar:
Go…o…lo!...
E não há perder nem ganhar
Só perde quem os olhos dos
meninos
Não puder olhar.
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A dramatização, desta vez, foi mais espontânea, talvez por as palavras, plenas de cumplicidade, encontrarem, de imediato, o sítio certo no âmago de cada um. Mistérios da poesia...
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