terça-feira, 18 de junho de 2013

AS VOLTAS DO PÃO, COM AMOR

Envolvo-me com a farinha, a água, o fermento e o sal.
O acto de amassar é cerimonioso, muito longe da aparente simplicidade, herdeiro que é de memórias profundas, plenas de significado: o esforço da sementeira, da ceifa, da moenda, etapas de um ciclo transportador de todas as esperanças, com risos, temores e cautelas.
O acto de amassar não dispensa o fato das memórias. A pouco e pouco a massa rende-se à cadência cerimonial dos gestos, abrindo portas ao cimentar da dedicação e da perseverança. Cada gesto transporta a herança de mil gestos anteriores, ancestralidade feita sabedoria nas voltas do tempo.
Levedar é dar lugar à manifestação de alegria das carícias. E a massa, crente nas intenções, deixa-se moldar antes de entrar no forno, decisiva viagem sem retorno.
O amor, o sempiterno amor, carece das voltas do pão. Precisa ser feito, constantemente refeito, por vezes reinventado, mas sempre com delicada cerimónia.
O amor e o pão, feitos com entrega, serão sempre eterna bênção.
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Agostinho Craveiro
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3 comentários:

  1. Foi fantástico!
    Há projetos e há muito bons projetos! E este foi sem dúvida um dos muito bons! parabéns!

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  2. Laura Brazinha Adriano20 de junho de 2013 às 11:23

    Quem me dera poder ter participado, mas eu também me diverti muito.BOAS FÉRIAS PARA TODOS !!!

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  3. quem me dera poder ter participado

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